Videomemória TAGV
Entrevista a Regina Janssen, Günter Janssen e Steffen Irlinger. Donna Regina, Senses-Ciclo de Música Electrónica e Multimédia, TAGV, 22 Março 2007: registo da ESEC TV.
Teatro Académico de Gil Vicente
Entrevista a Regina Janssen, Günter Janssen e Steffen Irlinger. Donna Regina, Senses-Ciclo de Música Electrónica e Multimédia, TAGV, 22 Março 2007: registo da ESEC TV.
Máquina-TAGV 1: O que é o TAGV?
Máquina-TAGV 2: Instantâneos TAGV (1)
Máquina-TAGV 3: Agarrar as imagens
Máquina-TAGV 4: Ver a luz
Máquina-TAGV 5: Instantâneos TAGV (2)
Máquina-TAGV 6: Moldar a madeira
Máquina-TAGV 7: Instantâneos TAGV (3)
Máquina-TAGV 8: O papel dos papéis
Máquina-TAGV 9: Fios e botões
Máquina-TAGV 10: 1 x 16
Máquina-TAGV 11: Fazer acontecer
Máquina-TAGV 12: genius loci: o espírito do lugar
Máquina-TAGV 13: Atrás da frente
Máquina-TAGV 14: Por mão própria
Máquina-TAGV 15: Moldar o som
Máquina-TAGV 16: Máquina de letras
Máquina-TAGV 17: Rever, reler
Tentei, ao longo da temporada, descobrir qual o ponto de vista certo para imaginar a programação. Um ponto de vista que reflectisse de forma justa as condições de produção existentes e, ao mesmo tempo, fosse suficientemente ambicioso para imaginar fazer o que se poderia fazer nessas condições. Isso significava construir uma representação adequada da especificidade da instituição, no seu contexto actual, mas também tentar redefini-la através de uma racionalidade que transparecesse nos actos de programação e produção. Não creio que o tenha conseguido. Talvez programar, como todas as coisas humanas, seja um acto sujeito à imperfeição, à incompletude e, em última análise, ao fracasso. Por outro lado, antes de imaginar o que se pode fazer, talvez seja necessário o passo preliminar de perceber bem o que se fez e, muito em particular, por que é que a programação tomou a forma que tomou. Que factores a condicionaram?
O gesto de olhar para o que se fez não é, não deve ser, narcísico. Se pretendo obrigar o TAGV a ver-se ao espelho é para que corrija a sua auto-representação. É para que veja que não é exactamente aquilo que pensa que é. É para que tente ver-se de forma mais completa: ver o que gosta de ver e o que não gosta de ver. Ver o que falta para ser aquilo que pensa que é. E, vendo isso, tente perceber, ao mesmo tempo, quem é. Qual a sua identidade particular neste momento. Que fragmentos compõem esse todo que é tão difícil de apreender. E que, como todas as identidades, resulta da cristalização de um conjunto de representações parciais, incompletas, muitas vezes distorcidas. Aquilo que me parece verdadeiramente impossível de fazer é isto: parar, ainda que por pouco tempo, e tentar perceber a lógica que determina os inúmeros gestos de programação. Encontrar o ângulo de observação que me permita fazer isso. Sem me sentir acossado pelo caudal de produção que me entra pela porta dentro a todo o instante. Mas isso seria parar o tempo.
Olho para trás e pergunto: há algum padrão nesta loucura? Ou apenas a aceleração dos ciclos de produção de capital simbólico que caracteriza as sociedades tardo-capitalistas? Um ciclo cuja dinâmica ultrapassa a nossa capacidade de o entendermos? Programar é resistir a esse fluxo ou sucumbir à sua corrente caudalosa? Olhando para trás, consigo olhar para a frente? Há algum padrão nesta loucura? E se há, qual o meu e o vosso papel? E, a existir, esse padrão terá sido produzido intencionalmente, ou é o resultado de um esforço de leitura retrospectiva que encontra ligações onde havia descontinuidades? Tal como a escolha arbitrária das cores dos cartazes, folhas de sala e agendas produz os padrões que agora é possível reconhecer no arquivo. Se programar é decidir o que vai acontecer num certo dia a uma certa hora num certo local, poder-se-ia pensar que isso aboliria o acaso, dando uma lógica de necessidade não só às palavras, aos gestos, ao som e à luz que compõem as múltiplas linguagens cénicas, mas também ao encontro do público com essas formas de comunicar. Mas isso só parcialmente é verdade: a determinação do tempo que o acto de programar pressupõe esconde mal a efemeridade e o acaso que governam as acções humanas. Olhando para trás, é isso que vejo. Uma parte da lógica é construída a posteriori, por um esforço de leitura. E terá de ser assim? O que acontece se se tentar definir uma lógica a priori? Como gerar, a partir dessa lógica, um padrão de programação ajustado à escala e à natureza específica da instituição?
MP [14 Julho 2006]
máquinas de escrever, TAGV, Café-Teatro, Janeiro a Maio de 2007. Desenho gráfico de Joana Monteiro/FBA.
máquinas de escrever 1: Rui Zink no TAGV (18 Janeiro 2007)
máquinas de escrever 2: A escrita como deambulação (15 Fevereiro 2007)
máquinas de escrever 3: Jaime Rocha no TAGV (11 Abril 2007)
máquinas de escrever 4: A vida da escrita (19 Abril 2007)
máquinas de escrever 5: Sobreviver à escrita (17 Maio 2007)
Doc TAGV 1: Ainda há documentários? (8 Janeiro 2007)
Doc TAGV 2: Elogio ao 1/2 (5 Fevereiro 2007)
Doc TAGV 4: Diários da Bósnia (2 Abril 2007)
Doc TAGV 6: Ensaio sobre Teatro, de Rui Simões (11 Junho 2007)
escaparate TAGV, Café-Teatro, Novembro de 2006 a Julho de 2007. Desenho gráfico de Joana Monteiro/FBA.
Escaparate TAGV 1: Escaparate TAGV (6 Novembro 2006)
Escaparate TAGV 2: Escaparate TAGV (8 Janeiro 2007)
Escaparate TAGV 7: Escaparate TAGV (7 Maio 2007)
Senses 1: Senses ou o corpo electrónico (25 Janeiro 2007) e Xela e Helios ao vivo no TAGV (25 Janeiro 2007)
[fora-de-série]: Thomas Brinkmann + Stolen Images Inc. ao vivo (3 Fevereiro 2007)
[fora-de-série]: A presença da ausência do autor tem um som (15 Fevereiro 2007)
Senses 2: Vítor Joaquim + Isan no TAGV (22 Fevereiro 2007)
Senses 3: People Like Us + Donna Regina (22 Março 2007)
Senses 4: Kemikafields + Victor Gama (19 Abril 2007)
Senses 5: Murcof ao vivo no TAGV (24 Maio 2007)
Senses 6: Loop infinito (21 Junho 2007)
Em 2005-2006, foram redefinidas e formalizadas várias dimensões da organização interna do TAGV. Em 2006-2007, experimentou-se a criação de um padrão de programação anual. A temporada 2007-2008 servirá para testar os efeitos combinados das novas práticas de organização interna com as novas práticas de programação. Dos critérios que determinaram a forma da programação, refiram-se a padronização temática e periódica, o equilíbrio disciplinar, a melhoria da qualidade média das produções apresentadas, o aumento da diversidade estética e a valorização do interesse público dos temas e problemas tratados. Estes critérios pressupõem uma concepção das artes cénicas como espaço público de comunicação, como instrumento de conhecimento do real e como acto de fruição sensorial do mundo.
A programação que hoje se apresenta é resultado da análise da programação das duas temporadas anteriores, tendo em conta as variáveis financeiras e laborais que condicionam a nossa capacidade de concretizar o que concebemos. Partindo deste conhecimento foi possível projectar uma racionalidade que justifica o conjunto de opções tomadas em cada uma das áreas de intervenção do TAGV: Cinema, Música, Teatro, Dança, Serviço Educativo, Exposições e Café-Teatro. Esta estratégia permite o máximo de imaginação dentro dos limites dos meios de que poderemos dispor. Espera-se deste modo construir um projecto de programação mais consciente do todo que ele próprio constitui e da função desse todo no exercício de um serviço público, que consiste em conhecer de forma tão aberta quanto possível a multiplicidade das linguagens e formas artísticas.
MP
D. João de Molière, Teatro Nacional São João, 14 a 28 de Abril de 2007. Encenação de Ricardo Pais. Cenografia de João Mendes Ribeiro. Foto © TNSJ.
Teatro Municipal da Guarda. Foto © TMG.
4. «Teatro e Arquitectura»
O Teatro enquanto espaço arquitectónico propõe uma determinada relação entre a forma e a função. A ocupação humana e artística transforma o espaço edificado em espaço habitado e em espaço público. Ao estabelecer um conjunto de relações entre as pessoas e o lugar, o acto de programar determina também a apropriação do espaço que o torna habitável. Na última década, a renovação ou construção de Teatros como parte da rede nacional de teatros e cine-teatros deu origem a um conjunto de edifícios notáveis, seja na requalificação, seja na concepção, seja ainda nas formas de implantação no espaço urbano envolvente. O objecto deste pequeno ciclo de exposições é chamar a atenção para alguns destes projectos arquitectónicos, contextualizando-os nos usos decorrentes das actividades que neles têm lugar. Associada a cada exposição, será organizada uma mesa-redonda com a participação de arquitectos, incluindo alguns dos autores dos projectos, e de programadores. Arquitectura e programação serão vistas como modos de imaginar a habitabilidade do espaço. Produção do TAGV, com a colaboração do Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra e coordenação de Carlos Antunes.
Calendarização:
José António Bandeirinha, 8 a 29 de Janeiro de 2008, exposição relativa ao Teatro Esther de Carvalho (Montemor-o-Velho)
Carlos Veloso, 8 a 30 de Abril de 2008, exposição relativa ao Teatro Municipal da Guarda
Manuel Graça Dias e Egas José Vieira, 11 a 30 de Junho de 2008, exposição relativa ao Teatro Azul (Almada)
Diogo Burnay e Cristina Verísssimo, 8 a 31 de Julho de 2008, exposição relativa ao Centro Cultural do Cartaxo
Teatro Azul (Almada). Foto © Teatro Azul.
5. «Teatro e Cenografia»
Ao materializar espaços imaginários sobre o palco, a cenografia é um dos instrumentos da teatralidade, isto é, um dos dispositivos sígnicos que torna possível aos objectos e aos espaços serem e significaram ao mesmo tempo. É na interacção com as palavras, com os corpos dos actores, com as luzes e com os sons que a linguagem cenográfica se revela como componente essencial das artes cénicas. Na medida em que projecta, por sugestão e metonímia, um espaço que a transcende, ou, pelo contrário, se constitui como metáfora total capaz de enclausurar as personagens, a cenografia circunscreve esses lugares imaginários. Sendo um modo de ler o texto, é também um modo de reescrevê-lo. Nesse espaço exterior à personagem projecta-se então o seu espaço interior. A cenografia enquanto linguagem teatral pode ser pensada como problema arquitectónico. Este pequeno ciclo, que terá continuidade em futuras temporadas, tem como objectivo mostrar, de forma exemplificativa, a cenografia contemporânea. Produção do TAGV, com coordenação de Carlos Antunes.
Calendarização:
Carlos Nuno Lacerda Lopes, 7 a 29 de Fevereiro de 2008
João Mendes Ribeiro, 8 a 31 de Maio de 2008
6. «Coimbra em Blues: 2003-2007»
O TAGV dispõe de um arquivo fotográfico relativo aos concertos do Festival «Coimbra em Blues», realizado anualmente desde 2003. Este arquivo inclui trabalhos dos fotógrafos Pedro Medeiros, Nuno Patinho e Miguel Silva. A acompanhar a edição de 2008 do festival «Coimbra em Blues» (agendada para os dias 13, 14 e 15 de Março de 2008), decorrerá, de 10 a 30 de Março, nos vários espaços de exposição do TAGV, uma retrospectiva fotográfica das cinco edições anteriores do festival. Nessa data será publicado, em parceria com a editora Almedina, o livro Coimbra em Blues 2003-2007, recolhendo um conjunto seleccionado de fotos e textos relativos aos primeiros cinco anos do festival.
Calendarização:
10 a 30 de Março de 2008
MP
Cinanima - Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho, 5 a 11 de Novembro de 2007, Cartaz. © Cinanima.
Na temporada 2006-2007 o TAGV concretizou pela primeira vez uma programação educativa anual, tendo estabelecido uma rede de interlocutores nas instituições de ensino da região de Coimbra. Esta rede tem como objectivo melhorar a divulgação da programação do Teatro e a sua integração nos planos de actividades das escolas. Mais de 9 mil crianças e jovens, de todos os níveis de ensino, beneficiaram da programação educativa anual como extensão das suas actividades curriculares. Em 2007-2008, esperamos consolidar a programação e o funcionamento do Serviço Educativo com a experiência entretanto acumulada. A programação do Serviço Educativo será apresentada em três momentos, correspondendo aproximadamente aos períodos escolares: até 15 de Julho, será publicada a programação de Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro; até 15 de Novembro, será publicada a programação de Janeiro, Fevereiro e Março; até 15 de Fevereiro, será publicada a programação de Abril, Maio, Junho e Julho. O TAGV continuará a proporcionar um acesso social tão alargado quanto possível a esta programação, com preços especiais para grupos escolares. A colaboração de educadores/as, professores/as e famílias é essencial para que o TAGV possa realizar a dimensão educativa da sua missão cultural. A programação do Serviço Educativo abrange todas as disciplinas, incluindo espectáculos e oficinas.
Calendarização:
Para o período entre Setembro e Dezembro de 2007, consultar o sítio web TAGV.
MP
Companhia Olga Roriz, Daqui em diante, TAGV, 1 Março 2007. Foto © Companhia Olga Roriz.
O TAGV tem procurado combinar a programação de repertório clássico com a programação contemporânea, mas a dança é uma das disciplinas deficitárias na programação e uma das áreas em que seria desejável aumentar a regularidade e a diversidade dos espectáculos. Além das companhias de bailado clássico, provenientes designadamente da Europa de Leste, têm passado pelo TAGV companhias de dança contemporânea com projectos marcadamente experimentais. Em 2006-2007, refira-se a presença da Companhia Instável (com coreografias de Rui Horta, «Pure»), a Companhia Olga Roriz («Daqui em Diante») e a Companhia Paulo Ribeiro («Malgré Nous, Nous Étions Là»).
Embora a situação financeira do TAGV não permita mais do que uma programação esporádica nesta disciplina, procuraremos trazer a Coimbra novas coreografias de companhias que não têm passado pelo TAGV ou que o têm feito com pouca frequência. Está ainda em preparação um projecto de um festival de dança co-produzido pelo TAGV, com programação de Vânia Gala, cuja concretização dependerá do financiamento conseguido. O objectivo de estruturar a programação de dança do TAGV sob a forma de um ciclo continuado de dança contemporânea não poderá provavelmente ser alcançado na presente temporada. Os contactos preliminares em curso poderão trazer a Coimbra as novas coreografias de Rui Horta ou de Clara Andermatt em 2008, em datas a anunciar.
MP
1. «A Cor do Som: Recitais e Concertos TAGV»
Um dos domínios carenciados de uma oferta regular permanente é o domínio da música erudita. É objectivo do TAGV reforçar esta componente da programação. Na impossibilidade de concretizar os projectos de um ciclo de música barroca e de um ciclo de música contemporânea, o conjunto da programação neste domínio será apresentado como um único ciclo, com a designação genérica «A Cor do Som: Recitais e Concertos TAGV». Este ciclo trará a Coimbra solistas, pequenos agrupamentos, orquestras de câmara e orquestras sinfónicas. A programação será feita de forma a representar diversos períodos da história da música, isto é, com um repertório que incluirá música antiga, barroca, clássica, romântica, moderna e contemporânea. Estaremos especialmente atentos a novos intérpretes e agrupamentos portugueses. Procuraremos também formas de colaboração com músicos e agrupamentos residentes de instituições como Casa da Música, Fundação Gulbenkian ou Centro Cultural de Belém. O objectivo principal é criar uma oferta regular em Coimbra, que permita conhecer um pouco melhor o vasto espectro da criação e da interpretação musicais em todas as suas linguagens. Trata-se de uma co-organização do TAGV e da Reitoria da Universidade de Coimbra.
Calendarização:
Orquestra Gulbenkian, a 20 de Setembro de 2007
Orquestra Regional Lira Açoriana, a 12 de Outubro de 2007
Orquestra Nacional do Porto, a 6 de Novembro de 2007 (integrada no Festival de Música de Coimbra)
Há ainda contactos em curso, para o período de Janeiro a Julho de 2008, com a Orquestra Barroca Divino Sospiro (maestro titular: Enrico Onofri), Remix Ensemble (maestro titular: Peter Rundel), OrchestrUtopica (maestro: Cesário Costa) e com grupos de solistas como o Schostakovich Ensemble (DSCH) e o Quarteto Camões.
2. «Intervalo TAGV» [2ª edição]
Como parte da programação educativa, o TAGV continuará a reforçar a sua intervenção na área da música. A sensibilização para a música é um passo preliminar para o conhecimento, para a fruição e para a prática musical. Através de concertos centrados em determinados compositores ou em determinados instrumentos, géneros e formas musicais, procuraremos desenvolver o gosto pela música. Aproveitando a experiência do ano anterior, os concertos serão dirigidos, de forma diferenciada, aos vários níveis etários e escolares, do pré-escolar ao universitário. Esta iniciativa terá periodicidade mensal e prolongar-se-á de Outubro de 2007 a Maio de 2008. Trata-se de uma co-organização do Conservatório de Música de Coimbra e do TAGV.
Calendarização:
15 de Outubro de 2007
19 de Novembro de 2007
3 de Dezembro de 2007
21 de Janeiro de 2008
18 de Fevereiro de 2008
7 de Abril de 2008
5 de Maio de 2008
e ainda
1 de Outubro de 2007: Dia Mundial da Música: Conservatório de Música de Coimbra no TAGV
23 de Fevereiro de 2008: Conservatório de Música de Coimbra no TAGV
3. «Grandes Concertos TAGV»
Ciente de que programar consiste também em aproveitar oportunidades, o TAGV vai continuar a tirar partido da conjunção fortuita que torna possível reunir músicos singulares em Coimbra. Além de concertos como os que foram programados para os meses de Fevereiro, Março e Abril de 2007 (Chirlgilchin; Ursula Rucker; e Robert Fripp & The League of Crafty Guitarists), serão integrados no ciclo «Grandes Concertos TAGV» solistas e agrupamentos cuja qualidade artística tem ao mesmo tempo grande apelo público. Trata-se de associar linguagens musicais diversas, de múltiplas latitudes, que representem da melhor forma as trocas artísticas num mundo globalizado. A hibridez dos géneros e a contaminação de formas surgem assim associadas, ao mesmo tempo, a marcas fortes de autoria, seja no domínio do rock e da música popular urbana ou das diversas tradições de música do mundo. Celebra-se nas múltiplas formas das palavras e dos sons o concerto enquanto ritual colectivo.
Calendarização:
Sérgio Godinho, a 3 de Outubro de 2007
Outros concertos (a anunciar)
4. «Senses» [2ª edição]
O ciclo «Senses» pretende ser uma mostra de formas de criação contemporânea em que música e imagem se combinam em espectáculos multimédia. O trabalho com a materialidade digital será o denominador comum aos artistas a apresentar. Tal como em 2007, em cada noite será possível observar o contraste entre dois projectos, por vezes associados a uma determinada editora. «Senses» decorre uma vez por mês, de Janeiro a Junho de 2008, e integra-se na programação «TAGV Digital», dedicada à relação entre as artes do espectáculo e as novas tecnologias. «Senses» é uma organização do TAGV, com programação de Afonso Macedo.
Calendarização:
6 de Outubro de 2007
24 de Janeiro de 2008
28 de Fevereiro de 2008
17 de Abril de 2008
21 de Maio de 2008
19 de Junho de 2008
Pré-programação a anunciar em Setembro de 2007
5. Festivais de Música
Na qualidade de instituição de acolhimento ou de produtor, a identidade do TAGV como instituição de programação está associada a vários festivais anuais e bienais. Realizaram-se em 2006-2007, a 5ª edição do Festival Internacional de Blues de Coimbra («Coimbra em Blues»), a 4ª edição dos Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra (2ª parte) e a 5ª edição dos Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra (1ª parte). O TAGV acolheu ainda 9 concertos e recitais da 2ª edição do Festival de Música de Coimbra. No que se refere a realizações bienais, acolheu vários concertos das XII Jornadas de Cultura Popular, organizadas pelo GEFAC. Não foi possível, no entanto, renovar outro dos festivais bienais: o Festival José Afonso. Os festivais permitem testar as capacidades de produção e de organização do TAGV, contribuindo para a afirmação da sua identidade pública à escala nacional e internacional. A sazonalidade de um festival permite cimentar relações entre artistas e público, e, igualmente importante, permite beneficiar da experiência dos anos anteriores na definição de novos programas e projectos. É esse capital acumulado que a qualidade técnica e artística do trabalho realizado nos festivais de blues e de jazz comprova. Para 2007-2008, renovam-se a colaboração com o Festival de Música de Coimbra, programado pelo maestro Augusto Mesquita, os Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra, dirigidos por Pedro Rocha Santos, e o «Coimbra em Blues», programado pelo músico Paulo Furtado.
Calendarização
Festival de Música de Coimbra: Outubro e Novembro de 2007 (organização da Câmara Municipal de Coimbra, datas a anunciar)
V Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra (2ª parte): 1, 2 e 3 de Novembro de 2007 (organização do Jazz ao Centro Clube[suspensa inicialmente por falta de financiamento, acabou por decorrer apenas no Salão Brasil])
«Coimbra em Blues»: 13, 14 e 15 de Março de 2008 (co-organização TAGV e Delegação Regional da Cultura do Centro; programação a anunciar em Setembro de 2007)
VI Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra (1ª parte): 5, 6 e 7 de Junho de 2008 (organização do Jazz ao Centro Clube, programação a anunciar)
MP
Com um orçamento anual que não chega aos 600 mil euros, o TAGV já tem preparada a próxima temporada. Num ano em que o teatro acolheu mais de 350 iniciativas, com a presença de 55 mil espectadores, Manuel Portela frisa que só com o «máximo de imaginação» é possível manter a «qualidade».
«Heróico». Foi deste modo que José António Bandeirinha classificou o esforço do Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) em manter, ao longo dos anos, programação «de qualidade», apesar do orçamento reduzido. Sem querer «mexer em fendas», o pró-reitor para a Cultura da Universidade de Coimbra reconhece que poderia haver a «tentação» de desistir, mas naquela que o arquitecto considera «a sala» da cidade a estratégia é outra.
No encontro “Retrospecção», em que foi feito o balanço da temporada que agora encerra e se perspectivou a próxima, Manuel Portela confessou que tem sido necessário o «máximo de imaginação» para apresentar propostas com um orçamento anual que não chega aos 600 mil euros.
Para um melhor entendimento dessa “ginástica”, o director do TAGV recorreu aos números deste ano e comparou-os com os anteriores. Em 2006/2007, aquele espaço acolheu 367 iniciativas, divididas entre 250 utilizações do auditório (100 para cinema, 40 para teatro, 70 para música, 10 para dança e 30 para serviço educativo), 50 no café-teatro e ainda 17 exposições. Traduzido para espectadores, Manuel Portela considera que até ao final de Julho, mais de 55 mil espectadores terão participado em realizações no TAGV, entre os quais cerca de 11 mil relativos ao serviço educativo.Manuel Portela, director do Teatro Académico de Gil Vicente, traçou, em entrevista ao DIÁRIO AS BEIRAS, o quadro difícil em que tem vivido a sala da Universidade de Coimbra, deixando linhas para o futuro.
DIÁRIO AS BEIRAS – Que encontro é este que vai acontecer hoje no Teatro Académico de Gil Vicente?
Manuel Portela – O encontro conta com a participação do pró-reitor para a Cultura da Universidade de Coimbra, José António Bandeirinha, e com a moderação (na segunda parte) do director regional da Cultura do Centro, António Pedro Pita. O objectivo do encontro, semelhante ao do ano passado, é o de tentar construir uma perspectiva panorâmica sobre o nosso trabalho deste ano e, de uma forma retrospectiva, tentar perceber como é que a programação se foi estruturando ao longo do ano, que factores influenciaram a forma que a programação tomou, que projectos conseguiram concretizar-se, quais não se concretizaram. Ao mesmo tempo, mostrar aquilo que se vai tentar fazer no próximo ano, a partir do conhecimento das limitações do ano anterior e, sobretudo, apresentar um projecto que resulta de, pela primeira vez, tentar programar à escala da temporada no seu conjunto. Não estarão completamente marcadas todas as utilizações do auditório, mas estarão marcadas uma boa parte delas e estarão definidas as linhas de orientação da programação nas disciplinas todas, na dança, no teatro, na cinema e na música. E estarão também já calendarizados e já definidos os ciclos, numa das ideias que eu tenho incrementado desde 2005. No próximo ano irão acontecer mais algumas iniciativas, com cerca de uma dezena de ciclos nas diferentes áreas, que irão estruturar a programação.
Os ciclos são a espinha dorsal da programação para a próxima temporada?
Sim. A ideia é encontrar linhas de programação, num trabalho que desenvolvi nos últimos dois anos e que me permitiu, gradualmente – num processo que implica o conhecimento mais profundo da instituição, do seu historial, das capacidades de trabalho e financeiras –, perceber quais são as nossas capacidades e quais são as nossas limitações. A programação que vou fazer não é a que eu faria se tivesse outras capacidades, nomeadamente financeiras, mas é aquela que considero a melhor possível nas condições actuais. E que resulta da tentativa de maximizar os nossos recursos, de produção, financeiros, técnicos, para obter o melhor resultado possível, apesar dos fortes constrangimentos.
Constrangimentos que têm vindo a acentuar-se?
Há dois aspectos que importa sublinhar. Por um lado, o orçamento do teatro não cresceu, nem sequer do ponto de vista do acompanhamento do custo da inflação. Relativamente a 2004, é 10 por cento mais baixo, pelo que decresceu. Desde 2005, tem-se mantido relativamente estável, embora tenhamos perdido o apoio da Câmara Municipal de Coimbra, a partir de 2006, também porque a Reitoria [da Universidade de Coimbra] se comprometeu a tentar garantir o nível de financiamento.
Está a falar de que montantes de financiamento?
Estou a falar de um orçamento anual que ultrapassa pouco os 550 mil euros, não chega aos 600 mil euros que é o nível de há dois/três anos. E não chega certamente ao que eu entendo que deveria ser o nível de financiamento para o tipo de programação que fazemos e que deveria situar-se sempre entre os 800 mil e um milhão de euros. Isto comparativamente aos orçamentos de outros teatros e ao que é a economia do sector das artes do espectáculo. Com este nível de financiamento seria possível fazer um trabalho excelente. Depois há um outro aspecto importante: nós não temos um orçamento de programação e parte das receitas cobrem custos de funcionamento. E isto significa que nunca sabemos muito bem qual a verba que sobra para fazer programação. Estes são dois constrangimentos muito fortes.
Ainda assim, o TAGV conseguiu na temporada que agora termina, com alguns pequenos milagres, resultados muito positivos?
Não sei se a palavra milagre é a melhor, mas quem observar a partir de outra experiência com certeza que vai pensar isso. Nós conseguimos fazer algumas coisas durante esta temporada, como seja a introdução de uma programação educativa regular e que foi bastante bem sucedida do ponto de vista do relacionamento que estabelecemos com as instituições pré-escolares e escolares dos vários graus e níveis de ensino, também do ponto de vista da afluência de crianças e jovens ao longo do ano. Este foi um projecto que resultou, nalguns casos com a colaboração institucional externa, como é o caso do Conservatório de Música de Coimbra, com o qual vamos prosseguir na próxima temporada. Mas também no caso do cinema ou da música, dentro de um nível de investimento limitado, conseguimos modificar os padrões de programação. Mas um dos sucessos do ano que agora termina é o facto de o TAGV ter aumentado o público. Ainda sem estatísticas finais, em Julho teremos entre 55 mil e 60 mil espectadores, num valor que já não era atingido desde 2003, ano da Capital Nacional da Cultura.
Este é um sinal positivo da estratégia seguida, apesar dos tais constrangimentos?
Sim. Sendo certo que o aumento de público resulta do incremento na actividade – nomeadamente toda a programação feita para as escolas que existia apenas de forma esporádica –, ele resulta também do aumento da diversidade da oferta do ponto de vista do público alvo. Essa diversidade atraiu mais públicos com interesses diferentes. Temos alguma percepção que houve pessoas que vieram ao TAGV pela primeira vez.
E conquistar novos públicos é fundamental, nomeadamente dentro do ensino superior?
Foi feita uma campanha para divulgar a programação junto desse público. Não sei ainda de que forma resultou. Os dados que nós temos indicam que há um grupo significativo de estudantes do ensino superior que vem com frequência, mas depois há também camadas grandes de estudantes do ensino superior que não vêm ao TAGV e que importa conquistar.
A Fundação da Universidade de Coimbra poderá trazer a solução para os constrangimentos com que vive o TAGV?
Do ponto de vista dos instrumentos necessários à programação, dependerá sempre do que a Fundação conseguir. Se o nível de financiamento aumentar, poderá ser uma boa solução. Pelo menos poderá permitir-nos, dentro do regime jurídico actual, a candidatura aos fundos públicos para financiamento nesta área de actividade, dos quais temos estado excluídos, uma vez que os apoios do Ministério da Cultura têm sido a título excepcional, pouco mais do que simbólicos para o nível de programação que temos e que, certamente, não reconhecem o serviço público que o TAGV presta nesta área desde há muitos anos. Mas isto terá de implicar sempre um nível de financiamento maior do que o actual. Do ponto de vista administrativo, se a nossa autonomia aumentar na gestão dos processos será igualmente positivo. Na medida em que a Universidade de Coimbra tem bastante dificuldade em conseguir suportar os custos com os vários equipamentos anexos – como é o caso do TAGV –, a fundação poderá ser uma boa solução. Do ponto de vista do TAGV, essa solução só será boa se o nível de financiamento for maior do que aquele que é agora. Isto porque, se perdemos o apoio da Universidade [de Coimbra] e depois o apoio do Ministério da Cultura for equivalente ou menor, não haverá nenhuma vantagem.
Programação 2007/2008
Desenhada pela primeira vez “à escala da temporada no seu conjunto”, a programação do TAGV para 2007/2008, que hoje será apresentada no encontro a decorrer a partir das 16H00, estrutura-se fundamentalmente numa dezena de ciclos a percorrem as quatro grandes áreas artísticas: cinema, teatro, música e dança. Mas o serviço educativo e a programação para o café-teatro apresentam-se igualmente estruturadas como apostas fortes que são. Ao DIÁRIO AS BEIRAS, Manuel Portela apontou alguns traços gerais: em relação ao cinema, irá prosseguir a programação DOC TAGV com um projecto que dá continuidade à relação estabelecida com um grupo de docentes da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Agora a proposta diz respeito a um tema mais que actual – “Integração mundial, desintegração nacional. A crise nos mercados de trabalho” –, desenvolvido à volta de um ciclo de colóquios que irá ter início em Setembro, prolongando-se até Maio, com a exibição de um conjunto de 10 filmes. O primeiro convidado, a 15 de Setembro, será Mário Soares. Um outro novo ciclo chama-se Cinefilia TAGV, programada por um convidado ligado ao cinema, a começar com Abílio Hernandez Cardoso e a filmografia de Clint Eastwood. Já a partir de Janeiro, as segundas-feiras serão programadas com filmes de qualidade em estreia mas que não passam no circuito comercial da cidade. Na música, entre outras propostas, irão prosseguir os recitais e concertos TAGV, os festivais de blues e jazz (?), enquanto no teatro irá dar-se continuidade às Estreias TAGV, com os grupos e escolas de Coimbra – que levaram à sala da UC nos últimos 14 meses, com 14 produções originais e 40 sessões, cerca de quatro mil espectadores –, e apresentar algumas companhias que por lá não têm passado. Na (difícil) área da dança, a aposta é na continuidade de apresentação de duas/três grandes produções contemporâneas.
Lídia Pereira, As Beiras, 12-07-2007
Agenda mensal TAGV. Design Joana Monteiro/FBA.
As últimas 200 palavras da temporada são dedicadas aos que diariamente mantêm a máquina do TAGV a funcionar. O seu trabalho não deve passar despercebido. É dele que depende a grande intensidade de programação e a qualidade técnica, administrativa e artística do serviço prestado. Reparemos nos números: foram cerca de 250 utilizações do Auditório (c. 100 para cinema, 40 para teatro, 70 para música, 10 para dança, 30 para o serviço educativo), 50 iniciativas no Café-Teatro, e ainda 17 exposições. Quando comparado com os meses homólogos da temporada anterior, o público do TAGV cresceu de forma paulatina, um sinal do bom acolhimento das mudanças introduzidas. No final de Julho, mais de 55 mil espectadores terão tomado parte nas realizações no Auditório e no Café-Teatro. Neste número, incluem-se mais de 5 mil crianças e jovens que beneficiaram da programação educativa anual. É o resultado desse trabalho colectivo da máquina TAGV que podemos voltar a reconhecer na programação deste mês, da qual se destacam uma estreia-TAGV, «O Senhor Ibrahim e as Flores do Corão» de Eric-Emannuel Schmitt (que integra um ciclo de cinema documental, debates, leituras, ateliers e instalação sobre o conflito israelo-palestiniano), a 2ª edição do ciclo de cinema «Outros Filmes, Outros Lugares» e a exposição de Ivo Andrade.
MP