31 março 2008
28 março 2008
Hiper-realismo escandinavo
[Notícia-TAGV]
SEXUALIDADES/EN SOAP, de Pernille Fischer Christensen
[Suécia, Dinamarca, 2006,
Urso de Prata - Grande Prémio do Júri e
Melhor Primeira Obra do Festival de Cinema de Berlim em 2006.
Cinema no TAGV, 31 de Março de 2008, 21h30m
Aos 32 anos, se o quisesse, Charlotte podia ter tudo na vida. Mas não quer. Quando sai de casa do namorado, torna-se a vizinha de cima de Verónica, um transexual. Verónica prefere ficar em casa sozinha com o seu cachorro, a ver novelas na televisão, enquanto Charlotte passa as noites com parceiros de ocasião. Um assalto, uma cama nova e umas cortinas brancas juntam estes dois seres, que acabam por protagonizar uma atribulada história de amor.
Rita, http://cinerama.blogs.sapo.pt
Berlim (27 MAR 2008)
a partir de texto de Gonçalo M. Tavares. Fotos: Celestino Gomes
[TAGV. 27.03.2008]
27 março 2008
Mensagem do Dia Mundial do Teatro 2008
Robert Lepage, actor, encenador e dramaturgo canadiano é o autor da Mensagem para o Dia Mundial do Teatro 2008.
"Existem várias hipóteses sobre as origens do teatro, mas aquela que me interpela mais tem a forma de uma fábula:
Uma noite, na alvorada dos tempos, um grupo de homens juntou-se numa pedreira para se aquecer em volta de uma fogueira e para contar histórias. De repente, um deles teve a ideia de se levantar e usar a sua sombra para ilustrar o seu conto.
Usando a luz das chamas ele fez aparecer nas paredes da pedreira, personagens maiores que o natural. Deslumbrados, os outros reconheceram por sua vez o forte e o débil, o opressor e o oprimido, o deus e o mortal. Actualmente, a luz dos projectores substituiu a original fogueira ao ar livre, e a maquinaria de cena, as paredes da pedreira.
E com todo o respeito por certos puristas, esta fábula lembra-nos que a tecnologia está presente desde os primórdios do teatro e que não deve ser entendida como uma ameaça, mas sim como um elemento unificador.
A sobrevivência da arte teatral depende da sua capacidade de se reinventar abraçando novos instrumentos e novas linguagens. Senão, como poderá o teatro continuar a ser testemunha das grandes questões da sua época e promover a compreensão entre povos sem ter, em si mesmo, um espírito de abertura? Como poderá ele orgulhar-se de nos oferecer soluções para os problemas da intolerância, da exclusão e do racismo se, na sua própria prática, resistiu a toda a fusão e integração?
Para representar o mundo em toda a sua complexidade, o artista deve propor novas formas e ideias, e confiar na inteligência do espectador, que é capaz de distinguir a silhueta da humanidade neste perpétuo jogo de luz e sombra.
É verdade que a brincar demasiado com o fogo, o homem corre o risco de se queimar, mas ganha igualmente a possibilidade de deslumbrar e iluminar."
Robert Lepage
26 março 2008
Berlim, pelo Teatro da Comuna, no Dia Mundial do Teatro no TAGV
Cenário da peça Berlim pelo Teatro da Comuna.
Versão cénica e encenação de João Mota, a partir de texto de Gonçalo M. Tavares. Elenco: Álvaro Correia, João Tempera, Mariana Filipa, Judite Dias, Tânia Alves, Marco Paiva, Miguel Sermão, Jorge Andrade e Alexandre Lopes.
Música original e contrabaixo: Miguel Leiria Pereira.
Em cena no Dia Mundial do Teatro no TAGV (Quinta-Feira, 27 de Março).
Fotos: mArio Henriques [TAGV. 26.03.2008]
25 março 2008
E DEPOIS DO ADEUS
Foi com consternação que recebemos a notícia do pedido de demissão do cargo de Director Artístico do Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), apresentado pelo Prof. Dr. Manuel Portela. Apesar de conhecermos as dificuldades e os obstáculos que se apresentavam, quotidianamente, a quem tinha assumido de forma corajosa a ingrata e exigente tarefa de gerir e programar a única sala de espectáculos que a cidade de Coimbra conhece, sempre fomos alimentando a esperança de poder continuar a contar com Manuel Portela à frente dos destinos do TAGV, dada a sua invulgar capacidade de trabalho e notável resistência face às inúmeras contrariedades que se lhe colocaram no exercício das suas funções.
Além disso, aumentou significativamente o número de iniciativas próprias, com mais de uma dezena de ciclos originais de programação em 2006-2007 e 2007-2008: nos domínios do livro e da leitura («escrileituras», «máquinas de escrever», «escaparate», «Os Livros Ardem Mal»); do teatro («estreias-TAGV»), do cinema («Segundas TAGV», «Doc TAGV», etc.); da música («A Cor do Som: Recitais e Concertos TAGV», «Senses: Música Electrónica e Multimédia»); e das exposições («Teatro a Arquitectura», «Teatro e Cenografia»). Organizou ou co-organizou diversos debates de relevância pública local e nacional. A tudo isto acrescem os festivais anuais, como o «Coimbra em Blues» e, em acolhimento, os «Caminhos do Cinema Português», a «Festa do Cinema Francês» e os «Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra». A estatística da temporada 2006-2007 registou 405 realizações (das quais 288 utilizações do auditório), o que torna o TAGV numa das instituições mais produtivas entre as suas congéneres a nível nacional. Este conjunto de iniciativas representa, além do mais, a primeira tentativa de estruturar toda a programação do TAGV à escala da temporada”.
É pois com um sentimento de sincero agradecimento e de reconhecimento pelo trabalho de excelência que realizou, que prestamos desta forma simples mas autêntica a nossa solidariedade para com o demissionário Director do TAGV que, com escassos meios e apertados recursos (operando por vezes verdadeiros milagres), soube também compreender e implementar uma verdadeira política de acolhimento e apoio à criação artística, viabilizando dessa forma a apresentação de projectos locais. Citando as suas palavras, “O crescimento intelectual e artístico, do público e dos criadores, depende do exercício constante. A colaboração estabelecida entre o TAGV e os artistas deve permitir cimentar as relações entre produtores e receptores na cidade de Coimbra. A possibilidade de aumentar a qualidade dramatúrgica, cenográfica e de interpretação depende de uma actividade continuada e de um processo contínuo de crítica e de recepção pública. Sem esta actividade constante dificilmente se criam as condições de produção e recepção para consolidação das práticas, para invenção de formas, para a qualidade da escrita e do espectáculo, e, em última análise, para produzir formas artísticas capazes de revelar o que somos e o mundo em que vivemos”.
O TAGV perde assim um grande Director. A cidade, que já triste e abandonada culturalmente se encontrava, corre o risco de adormecer de vez.
Associação Cultural de Música e Teatro Arte à Parte
Associação Penetrarte
Camaleão - Associação Cultural
Encerrado para Obras – Associação Cultural e Artística
Margarida Mendes Silva
Projecto BUH!
24 março 2008
Concerto RUC: The Legendary Tiger Man+Terry Lee Hale (20.03.08)
TAGV 20.03.2008. Fotos de Celestino Gomes.
Concerto de Aniversário da Rádio Universidade de Coimbra.
TAGV 20.03.2008. Fotos de Celestino Gomes.
22 março 2008
O nascimento de uma nação
[Notícia-TAGV]
de Sergei Bodrov, Ivan Passer, Talgat Temenov
[Cazaquistão, França, 2005, 112’, M/12]
Cinema no TAGV, 24 de Março de 2008, 21h30m
Cazaquistão, século XVIII. Várias tribos nómadas percorrem a imensidão do país, mas a paz é frágil e um inimigo comum ameaça trai-los. Anunciado por uma profecia, o nascimento de Mansur, descendente do poderoso Gengis Khan, parece ser a única hipótese para unir os clãs. No entanto, quando Galdan, o líder dos inimigos Jungar, ouve falar dessa criança, decide eliminá-la. Só a intervenção de Oraz, um corajoso guerreiro cazaque, pode oferecer-lhe protecção para que assim se cumpra a profecia…
Coimbra em Blues - Os Sacerdotes e Os Acólitos
[Recorte-TAGV]
Os blues são uma religião estranha. Uma religião em que se encontram, ou se encontraram, se cruzam, ou se cruzaram, feiticeiros africanos das margens do Niger, xâmanes de voodoo, pastores evangélicos do Mississippi, pregadores lunáticos do fim do mundo e dos vários graus do pecado... e de todo mal que se pode encontrar em casa ou no fundo de uma garrafa. Pactos faustianos, relatos de sessões de sexo contra a parede ou histórias de crimes sangrentos e de traições amorosas fazem parte dos evangelhos do género. Aliás, como de quase todos os outros evangelhos conhecidos.
E, na sexta edição do Coimbra em Blues, no Gil Vicente, houve sacerdotes - e até uma sacerdotiza - de variadíssimas tendências dos blues, uns blues que se podem encontrar em todo o lado: dos Estados Unidos a Portugal, de África a Inglaterra. E para a primeira celebração, a abrir o festival, veio da América o lendário guitarrista Gary Lucas que, juntamente com os Dead Combo - os primeiros acólitos valorosos dos muitos que se seguiriam -, deu um concerto inesperado e fabuloso: com as guitarras de Lucas em primeiro plano (principalmente quando ele se atirava a solos na sua guitarra-dobro National) e a guitarra de Tó Trips e o contrabaixo de
Na segunda noite, a dupla inglesa de cantores e guitarristas Steve Morrison e Billy Jenkins deu outro espectáculo fantástico, com Jenkins a servir de sacerdote - ele é o padre que benze o público no início do espectáculo, ele é o guitar-hero frenético, ele é o cantor da voz profunda e grave e por vezes assustadora - e Morrison de acólito perfeito - ele é o contraponto de suavidade, de calma e lirismo. E os dois, separados ou em uníssono, resultam incrivelmente bem. Uma ligação que, infelizmente, não aconteceu no concerto seguinte, o dos Afrissippi, projecto que junta o cantor e guitarrista (semi-senegalês, semi-mauritano) Guelel Kumba com vários músicos norte-americanos, todos eles em busca das raízes dos blues algures na zona mandinga. Raízes que estão lá - e basta ouvir Ali Farka Touré, os Tinariwen ou Afel Bocoum... - mas que aqui, nos Afrissippi, soam mais a tese do que a música verdadeira. Kumba canta em fulani, a sua música é feita de muitas músicas antigas africanas, as pontes com os blues estão lá, bem nítidas, mas os acólitos puxam sempre aquilo para os blues-mesmo-blues e há ali quase sempre uma certa sensação de artifício e de união mal resolvida.
Mas se, nos Afrissippi, o artifício incomoda, o mesmo artifício é incrivelmente bem-vindo no concerto que abre a noite seguinte: o de Ruby Ann (ela que, em Coimbra, liderava os Boppin'Boozers), cantora e compositora portuguesa agora radicada
20 março 2008
18 março 2008
MIAMILUANDA
17 março 2008
TAGV
Fotos de Pedro Dias da Silva (Novembro 2006), Celestino Gomes (Junho 2007), Maria Miguel Ferrão (Julho 2006) e mArio henriques (Junho 2007); e fotograma de A Noiva-Cadáver (Abril 2007).
MP (Director do TAGV, 13 Julho 2005-17 Março 2008)
Blues são mais festivos na hora da despedida
Na despedida da sexta edição do Coimbra em Blues, Ruby Ann e Super Chikan deram ao festival aquilo que faltara até agora: o clima de festa.
Não é novidade nenhuma que se for pedido a qualquer um de nós para explicar o que são os blues a uma criança ou a um marciano, o exigível é que se comece por falar de uma música rural, nascida no sul dos Estados Unidos, nas margens do Mississipi e tendo como protagonistas trabalhadores que ganhavam a jorna à conta da força de braços.
Super Chikan
Coimbra em Blues, VI Festival Internacional de Blues de Coimbra.
TAGV 15.03.2008. Foto: Celestino Gomes
Durante hora e meia, o sorriso nunca o deixou sozinho e a estonteante energia que espalhou por toda a sala dificilmente deixaria adivinhar os 57 anos que carrega consigo. O público nem procurou resistir e logo se deixou contagiar por uma noção clara de que o palco foi feito para trazer alegria ao mundo.
Musicalmente, Super Chikan – sim, é verdade, ele cacareja mesmo e acaba todas as músicas com a frase «somebody shoot that thing!» – não é a criatura mais original que já pegou numa guitarra. Corre atrás dos exemplos de John Lee Hooker, Jimi Hendrix e (no que toca aos movimentos e à atitude) James Brown e não se lhe detecta nenhum grande contributo para a História dos blues.
Coimbra em Blues, VI Festival Internacional de Blues de Coimbra.
TAGV 15.03.2008. Foto: Celestino Gomes
Mas é uma criatura que faz das guitarras mais originais que existem, com as suas próprias mãos. No concerto, contou que se habituou a nunca deitar nada fora e apresenta uma das suas criações: uma guitarra feita a partir de uma velha ventoinha de tecto, cravada de lantejoulas, brilhantes ou lá o que eram todas aquelas cores, como todos os seus outros exemplares. As três mulheres que o acompanham em palco não deixam desamparada a sua agitação constante e a teclista Laura Craig, em particular, a toda a hora parece possuída por um espírito com bicho-carpinteiro. Fez-se a festa e houve inclusivamente uns quantos corajosos que foram dançar para a frente do palco.
Ruby Ann.
Coimbra em Blues, VI Festival Internacional de Blues de Coimbra.
TAGV 15.03.2008. Foto: Celestino Gomes
Mas esses corajosos apareceram ainda durante a actuação anterior, da filha da terra Ruby Ann. Acompanhada por uma excelente banda (onde se destacou o guitarrista francês Gautier Golab), desviou-se do registo dos blues e proporcionou uma viagem no tempo, até à década de 1950 norte-americana, graças a uma superior interpretação de temas onde o rockabilly intersecta a country.
Ruby Ann.
Coimbra em Blues, VI Festival Internacional de Blues de Coimbra.
TAGV 15.03.2008. Foto: Celestino Gomes
Da imagem às canções, Ruby Ann é a versão perfeita de Wanda Jackson em solo português. Da boca também lhe saiu Patsy Cline e o agradecimento à organização e ao director artístico do festival (Paulo Furtado, dos WrayGunn) a oportunidade de voltar a tocar em casa.
16 março 2008
A solidão de Koistinen ou a nossa?
[Notícia-TAGV]
LUZES NO CREPÚSCULO, de Aki Kaurismäki
[Finlândia, Alemanha, França, 2006, 78’, M/16]
Cinema no TAGV, 17 de Março de 2008, 21h30m
"Luzes no Crepúsculo" conclui a trilogia iniciada por "Nuvens Passageiras" e "Um Homem sem Passado" e tem por tema a solidão. O protagonista, um homem chamado Koistinen, procura num mundo impiedoso uma pequena brecha pela qual possa rastejar. No entanto, quer os seus semelhantes quer o aparato de uma sociedade sem rosto fazem questão de sistematicamente esmagar as suas modestas esperanças. Ludibriado por um grupo de criminosos, que explora a sua ânsia por amor e o seu emprego como guarda-nocturno, vê-se subitamente abandonado à sua sorte, sem emprego, liberdade ou sonhos.
Ruby Ann e Super Chikan (Ensaios) [15 MAR 08]
Coimbra em Blues, VI Festival Internacional de Blues de Coimbra.
TAGV 15.03.2008. Fotos: José Balsinha.
Coimbra em Blues, VI Festival Internacional de Blues de Coimbra.
TAGV 15.03.2008. Fotos: José Balsinha.
David Lynch e blues africanos
Na segunda noite do festival de blues de Coimbra, lugar à loucura de Billy Jenkins e às raízes de Guelel Kumba.
Há meia dúzia de anos, o realizador mais demente do cinema actual, David Lynch, editou um disco de blues chamado «Bluebob». Por isso, também ele poderia andar por estes dias a pisar o palco do Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra.
E, de uma forma indirecta, talvez não tenha andado muito longe. O primeiro concerto da noite de ontem, uma colaboração entre os ingleses Steve Morrison e Billy Jenkins (que se conheceram precisamente em Coimbra), teve nos dois pratos da balança: uma soberba demonstração técnica de como colocar os dedos em cima das cordas da guitarra e uma valente dose de humor que deu ao concerto uma aura de espectáculo maior.
A toda a hora, olha-se para Jenkins e vê-se o protagonista de «Eraserhead – No Céu Tudo É Perfeito», o filme mais bizarro da mente labiríntica de Lynch.
Coimbra em Blues, VI Festival Internacional de Blues de Coimbra.
TAGV 14.03.2008. Foto: Celestino Gomes.
Assim que o concerto tem início, Jenkins vem para a boca do palco. O ar alucinado casa do músico na perfeição com a oração de louvor aos blues que vai acompanhando com um copo de água atirada para o público como se fosse benta.
Em três tempos estamos na igreja dos blues, onde segundo o próprio é proibido «ser como esses gajos do jazz que fazem mais de três acordes». As gargalhadas arrancam e marcarão o resto da noite.
Durante o concerto, tal como tinha feito na sua anterior passagem por Coimbra, Jenkins chega a impedir o seu companheiro de palco de fazer um solo de harmónica, diz adorar a cidade de Coimbra a partir do momento em que os estudantes desaparecem da vista, canta e uiva numa voz arranhada que pediu emprestada a Tom Waits e percorre a guitarra a uma velocidade vertiginosa. Mas nunca se estampa. Quer no humor, quer na música.
Steve Morrison & Billy Jenkins.
Coimbra em Blues, VI Festival Internacional de Blues de Coimbra.
TAGV 14.03.2008. Foto: Celestino Gomes.
A seu lado, Morrison marca pontos pela discrição, por dar a sensação de que jamais terá falhado uma única nota na sua vida. Cada vez que ataca as cordas parece que trata a música como ciência exacta (elogio), como se não houvesse outra nota a poder ocupar o lugar daquela que elege. A dupla dificilmente poderia encaixar melhor e o concerto deixa toda a gente rendida.
O mesmo não se pode dizer da passagem pelo palco dos Afrissippi. Era o nome que mais curiosidade despertava em todo o cartaz mas revelou-se um semi falhanço.
O objectivo era erguer uma ponte imediata entre o Senegal, a Mauritânia e o Mississipi, provar que a tradição fulani que Guelel Kumba transporta para a sua música está a um pequeníssimo passo dos blues que Junior Kimbrough registou na editora Fat Possum.
As semelhanças foram encontradas, é certo, mas os temas demasiado iguais a si mesmos levaram a alguma monotonia complicada de gerir. A banda (que se conheceu em casa do mestre R.L. Burnside) também não ajudou e o concerto mais ligado às raízes do cartaz não foi o sucesso esperado. Talvez nas próximas edições possa ser mais frutuoso explorar o filão maliano.
15 março 2008
Afrissippi no Coimbra em Blues
Coimbra em Blues, VI Festival Internacional de Blues de Coimbra.
TAGV 14.03.2008. Fotos: José Balsinha.
14 março 2008
Gary Lucas Meets Dead Combo (13 MAR 2008)
Mas foi uma aposta ganha e que iniciou da melhor forma possível a sexta edição do Coimbra em Blues, o festival que renova anualmente a condição de Coimbra como capital desta linguagem tão especificamente norte-americana.
TAGV 13.03.2008. Foto: José Balsinha.
Se Lucas é sobretudo conhecido e apresentado como um tipo que tocou com Captain Beefheart – e, portanto, com uma natural queda para a insanidade musical – conquistou verdadeiramente a plateia ao interpretar, instrumentalmente, com o duo português dois temas que ‘ofereceu’ a Jeff Buckley: ‘Mojo Pin’ e ‘Grace’ (Buckley integrou a sua banda Gods and Monsters e as colaborações entre os dois foram posteriormente editadas em «Songs to No One»).
Coimbra em Blues, VI Festival Internacional de Blues de Coimbra.
TAGV 13.03.2008. Foto: José Balsinha.
Mas os grandes momentos da noite foram outros: Lucas a solo numa desenfreada leitura de um tema de Captain Beefheart, elevando os blues a um notável cenário de pequenas alfinetadas na tradição, dando largas a toda uma técnica enciclopédica de fazer cair o queixo; e a partilha com os Dead Combo do tema principal desse clássico do giallo (cinema de terror italiano da década de 70) de nome «Suspiria», realizado por Dario Argento. Aplausos merecidos.
13 março 2008
Mais uma (esta já é a sexta) história dos blues
Cartaz Coimbra em Blues: VI Festival Internacional de Blues de Coimbra, TAGV, 13, 14 e 15 de Marco de 2008. Desenho Gráfico: Joana Monteiro.
Festival abre com estreia mundial: Gary Lucas featuring Dead Combo.
É o projecto mais especial da história desse projecto especial que é o Coimbra em Blues - Festival Internacional de Blues de Coimbra: logo à noite, no Teatro Académico de Gil Vicente, o guitar hero norte-americano Gary Lucas e as "guitarras desajeitadas" dos portugueses Dead Combo trocam umas ideias sobre esse assunto mais vivo do que morto que são os blues. O encontro imediato entre Gary Lucas e os Dead Combo, que abre às 21h30 o Coimbra em Blues, é a primeira encomenda do festival mas não vai ser a última: "Este princípio dos encontros imediatos é um caminho que vamos tentar manter. É muito importante para nós apresentarmos um espectáculo que em bom rigor não existiria sem o festival e cruzarmos músicos que noutras circunstâncias nunca se cruzariam", diz o director artístico, Paulo Furtado, ao P2. É ele que faz a visita guiada ao festival.
A seguir, o festival volta a contar mais uma história dos blues com os Afrissipi, "um projecto muito curioso porque não existe nada neste momento que mostre de modo tão claro como os blues foram de África até ao Mississípi). Efeito secundário de uma jam session em casa de R. L. Burnside, os Afrissipi cruzam "o espírito festivo da música africana com os blues agressivos e quase punk que se praticam agora no Mississípi", continua Furtado.No último dia, sábado, o festival faz um desvio ao itinerário principal dos blues - faz parte do programa apontar "noutras direcções e ilustrar a influência decisiva dos blues em todo o espectro da música popular", em vez de fazer dele uma coisa de museu - para trazer a portuguesa Ruby Ann de volta a Coimbra, onde nasceu. Super Chikan (James Louis Johnson), o bluesman que fecha o festival, também é um regresso: de volta às bases do blues.
Inês Nadais, Público, 13 Mar 2008, Caderno P2, p. 10.
11 março 2008
We've got the Blues!
VI Festival Internacional de Blues de Coimbra.
Praça da República (Coimbra). 05.03.2008. Foto: PDS