Paranoid Park: o retrato de uma certa juventude apática
[Notícia-TAGV]
[Portugal, 2007, 4'10'', M/3]
TAGV, 4 DE FEVEREIRO DE 2008, 21h30m
Nova Programação de Cinema no TAGV
Teatro Académico de Gil Vicente
[Notícia-TAGV]
Manuel Aires Mateus, cenografia de «Turismo Infinito», de António M. Feijó, a partir de textos de Fernando Pessoa, com encenação de Ricardo Pais. Foto de João Tuna. © João Tuna (cortesia do Teatro Nacional São João).
Se o teatro se faz tendo o mundo como pano de fundo, como tão bem exercitaram os gregos, poderemos inferir que o teatro se faz sobre a vida, isto é a partir da vida, reinventando a vida, ou antecipando a vida. Mas ao arrebatador despojamento grego podemos contrapor o trabalho dos cenógrafos em exercícios mais ou menos discretos, mas estruturais para a construção de qualquer representação. E é uma visão do teatro a partir da cenografia que aqui propomos iniciar.
Ao materializar espaços imaginários sobre o palco, a cenografia é um dos instrumentos da teatralidade, isto é, um dos dispositivos sígnicos que torna possível aos objectos e aos espaços serem e significaram ao mesmo tempo. É na interacção com as palavras, com os corpos dos actores, com as luzes e com os sons que a linguagem cenográfica se revela como componente essencial das artes cénicas. Na medida em que projecta, por sugestão e metonímia, um espaço que a transcende, ou, pelo contrário, se constitui como metáfora total capaz de enclausurar as personagens, a cenografia circunscreve esses lugares imaginários. Sendo um modo de ler o texto, é também um modo de reescrevê-lo. Nesse espaço exterior à personagem projecta-se então o seu espaço interior. A cenografia enquanto linguagem teatral pode ser pensada como problema arquitectónico. Este pequeno ciclo, que terá continuidade em futuras temporadas, tem como objectivo mostrar, de forma exemplificativa, a cenografia contemporânea.
Carlos Antunes
Manuel Portela
Calendarização
Manuel Aires Mateus, de 7 a 29 de Fevereiro, cenografia de «Turismo Infinito», de António M. Feijó, a partir de Fernando Pessoa (TNSJ, 2007)
João Mendes Ribeiro, de 6 a 31 de Maio, cenografia de «D. João», de Molière (TNSJ, 2006)
[Notícia-Tagv]
[Reino Unido, Alemanha, EUA, 2007, 90´, M/12]
TAGV, 21.01.2008, 21h30
Nova Programação de Cinema no TAGV
Ricardo Clara, antestreia.blogspot.com
Era a primeira sessão de 2008 e prometia uma possível revista pelo universo editorial do ano que agora findou. Mas, mesmo sem revista, ainda que com recomendações - umas que sim, outras que nem por isso -, o Mensário de Actualidade Editorial do TAGV “Os livros ardem mal” ofereceu, segunda-feira [07.01.2008] , aos que fizeram questão de lhe dedicar um par de horas do seu dia um excelente fim de tarde.
A conversa com Joaquim Furtado apresentou-se com um interesse que foi muito para lá da “guerra” que lhe esteve na origem e acabou por revelar a todos os não conhecem do jornalista mais que a sua imagem televisiva um dos grandes profissionais do cada vez mais débil universo jornalístico português, em áreas como a reportagem.
Conversa introduzida, convém dizer em abono da verdade, por alguns prazenteiros momentos de crítica (literária), ora mais satírica, ora mais certeira, e oferecidos ao público que lotava quase por completo a mancha de cadeiras agrupadas no espaço de café-teatro do TAGV por António Apolinário Lourenço, Luís Quintais, Osvaldo Manuel Silvestre e Rui Bebiano, os quatro académicos em especialidades como a Literatura, a Antropologia e a História que fazem o painel habitual do Mensário de Actualidade Editorial, uma co-organização com o Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra.
Do universo de apreciações - entre as que foi possível presenciar -, três a reter: duas pela positiva - as mais recentes publicações de Gonçalo M. Tavares e de Jacinto Lucas Pires, vivamente recomendadas por Luís Quintais -, e uma terceira pela razão inversa - a tentativa de Maria Filomena Mónica - pelos vistos e pelo que foi possível ouvir mesmo muito mal conseguida - de fazer uma abordagem crítica à obra poética de Cesário Verde. Esta trazida pela opinião avalizada de António Apolinário Lourenço. Encerrado o capítulo crítico, a conversa entrou pelo universo complexo, imenso e controverso da “Guerra”, o mais recente trabalho televisivo de Joaquim Furtado, de que a RTP acabou de exibir uma primeira parte.
Confessando a sua estranheza pela “polémica” gerada à volta da denominação da guerra - colonial, do ultramar, de libertação - que pretendeu dar a conhecer a um universo alargado de espectadores num todo no qual nunca antes tinha sido apresentada, o jornalista disse depois entender tal realidade como um reflexo directo dos diversos campos nos quais o conflito se fez, mas também do muito que continua por “resolver” nessa matéria, “mesmo para os académicos”, como depois acabaria por confirmar Rui Bebiano, ele próprio historiador.
Mas a “guerra” de Joaquim Furtado, aquela que quis levar ao pequeno ecrã para, assim, chegar ao maior número possível de interlocutores custou-lhe um esforço quase titânico: mais de 400 pessoas contactadas para mais de 200 entrevistas realizadas, com 600 horas de gravação... Além, naturalmente, das horas, dias, meses mergulhado num imenso acervo de arquivo que teve de ser visionado, escolhido, acertado. Em todo o processo, material verdadeiramente novo, como confessou Joaquim Furtado, apenas dois ou três filmes cedidos por alguns protagonistas ou, caso tão simples quanto extraordinário, a imagem e o som que foi possível juntar num mesmo documento, vindos um do arquivo da RTP e o outro do arquivo da RDP.
O mais da conversa girou à volta da “voz do 25 de Abril” em que Joaquim Furtado se viu transformado pela força do destino, que o quis no estúdio onde os militares do MFA o foram encontrar naquele primeiro dia da Primavera da democracia portuguesa. Ou então aquele outro, longe da Primavera democrática, em que acabou por escapar mais ou menos ileso a um atentado na selva da Nicarágua, quando se preparava para registar a história tecida pelos sandinistas e os contra que os combatiam.
Lídia Pereira, As Beiras, 10 de Janeiro de 2008.
Uma exposição e uma conversa inteiramente dedicadas à requalificação do Teatro Esther de Carvalho, em Montemor-o-Velho, abre hoje o ciclo “Teatro e Arquitectura”, no TAGV.
Num mês em que se torna evidente a produção própria a enformar a sua programação, o Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), em Coimbra, estreia um novo ciclo a que chamou “Teatro e Arquitectura”. O ciclo de exposições, conferências e visitas às obras tem concepção e programação de Carlos Antunes e Manuel Portela, respectivamente assessor e director da sala da Universidade de Coimbra, e inicia-se hoje mesmo com um programa dedicado à requalificação recente e reconhecida do Teatro Esther de Carvalho, em Montemor-o-Velho, assinada por José António Bandeirinha. Irão seguir-se o Teatro Municipal da Guarda, o Teatro Municipal de Almada e o Centro Cultural do Cartaxo.
A inauguração da exposição relativa ao processo de requalificação do Teatro Esther de Carvalho está agendada para esta tarde, às 18H00, no café-teatro do TAGV, seguida de uma conversa com a presença do arquitecto José António Bandeirinha e de Vasco Neves, um dos responsáveis do Centro de Iniciação Teatral Esther de Carvalho (CITEC). No próximo dia 26, às 15H00, terá lugar uma visita guiada ao Teatro Esther de Carvalho pelo arquitecto José António Bandeirinha.
De acordo com a informação facultada pelo TAGV, a exposição ficará patente no café-teatro até ao próximo dia 29, de segunda a sexta-feira, entre as 10H00 e as 12H30 e das 14H00 às 22H00, e ao sábado, das 14H00 às 22H00.
Para José António Bandeirinha, o projecto de requalificação do edifício – que resultou da adaptação para teatro de uma antiga capela durante a segunda metade do século XIX – acabou por se ajustar “à necessidade premente de conservar o espaço do Teatro Esther de Carvalho, aproveitando o ensejo das obras de conservação para o dotar de novas condições de conforto e, sobretudo, de segurança”.
Quanto ao ciclo “Teatro e Arquitectura”, o que os seus responsáveis se propõem é “analisar um esforço conjunto sem precedentes, realizado na última década, de renovação ou construção de teatros como parte da rede nacional de teatros e cine-teatros”, um esforço que “deu origem a um conjunto de edifícios notáveis, seja na requalificação, seja na concepção de raiz, seja ainda nas formas de implantação no espaço urbano envolvente”. De acordo com Carlos Antunes e Manuel Portela, “o objectivo deste pequeno ciclo de exposições é chamar a atenção para alguns destes projectos arquitectónicos, contextualizando-os nos usos decorrentes das actividades que neles têm lugar”.
Em cada exposição do ciclo está prevista, para além da exposição monográfica sobre o edifício em análise, uma conferência do autor do projecto seguida de uma mesa-redonda com a participação de arquitectos e programadores, e uma visita à obra. A exposição monográfica sobre os edifícios ocupará preferencialmente o café-teatro do TAGV e será constituída por maquetas dos edifícios e painéis com desenhos técnicos e fotografias da obra.
Para a primeira parte do ciclo “Arquitectura e Teatro” – que terá continuidade na temporada 2008/2009 –, Carlos Antunes e Manuel Portela seleccionaram quatro edifícios de escalas e significados diferentes, “e cuja qualidade arquitectónica não oferece dúvida”: a remodelação do teatro Esther de Carvalho, em Montemor-o-Velho, da autoria do arquitecto José António Bandeirinha, o Teatro Municipal da Guarda, de Carlos Veloso, o Teatro Municipal de Almada, de Manuel Graça Dias e Egas José Vieira, e o Centro Cultural do Cartaxo, de Diogo Burnay e Cristina Veríssimo.
Lídia Pereira, As Beiras, 8 Janeiro 2008.
O reflexo mensal dos critérios de estruturação da temporada é muito evidente no mês de Janeiro. O ano abre com uma co-produção TEUC-Camaleão: O Fazedor de Teatro, de Thomas Bernhard, com encenação de Pedro Malacas, programada no âmbito da política de apoio à criação teatral local. Estreia-se o ciclo «Segundas TAGV», que passará a apresentar novos filmes da temporada sempre à segunda-feira. Os primeiros quatro filmes são: Bug, de William Friedkin; A Morte do Sr. Lazarescu, de Cristi Puiu; Morte num Funeral, de Frank Oz; e Control, de Anton Corbijn. É retomado o ciclo «Senses», dedicado à música electrónica e aos novos média. Depois de Tim Hecker, que acolhemos em Outubro passado, recebemos Mika Vainio. É retomado também o ciclo «A Cor do Som», com o pianista João Paulo Santos e o violinista Bruno Monteiro. Refira-se ainda a presença do Grupo Instrumental de Sopros de Coimbra. O ciclo «DOC TAGV/FEUC» exibe mais três documentários sobre o trabalho no mundo actual: L’emploi du temps (2001), Metaleurop: les naufrageurs démasqués (2003) e GLENCORE: la multinationale des flibustiers de l'économie (2004). No âmbito do Serviço Educativo, prossegue o ciclo de sensibilização para a música «Intervalo TAGV», e acolhemos a última produção de teatro para a infância do Trigo Limpo-Teatro ACERT, Andar nas Nuvens. No Café-Teatro prossegue o ciclo «Os Livros Ardem Mal», com a presença de Joaquim Furtado, e tem início a programação do novo ciclo de exposições e mesas-redondas «Teatro e Arquitectura». Por último, a transmissão em directo do Teatro Nacional de São Carlos da estreia mundial da ópera Das Märchen, de Emmanuel Nunes, concretiza uma das formas de colaboração inter-institucional em curso. Visto assim o conjunto programação, é quase como se nada tivesse sido confiado ao acaso neste mês. E o TAGV pudesse reconhecer-se no seu próprio acrónimo.
MP