29 julho 2008

Ciclo SENSES na Revista MACA

[Recorte-TAGV]

Música Electrónica Viva em Coimbra
Senses 2 . Ciclo de Música Electrónica e Multimédia
TAGV. Programação Afonso Macedo

Como Thomas B. Holmes refere na introdução da sua obra “Electronic and Experimental Music” (1985), o termo “música electrónica” é de certa forma ilusório, já que implica uma distinção de outras formas ou estilos musicais, distinção que um olhar mais atento revela ser artificial ou mesmo desprovida de sentido. O termo foi cunhado numa época em que a produção de sons recorrendo a meios electrónicos era uma novidade, sobretudo no período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, em que a criação de variados artefactos electro-acústicos e electrónicos surgiu associada ao galopante desenvolvimento tecnológico e conotada com um vasto leque de jovens compositores vanguardistas, institucionalizando o som no contexto dos departamentos universitários, em institutos de pesquisa ou no seio de poderosas empresas.

Actualmente, os benefícios da simbiose entre a tecnologia e a música electrónica permitiram, no contexto da música popular, que se assistisse a uma generalização do recurso a técnicas de criação, composição, produção e edição que remontam à génese da música electrónica. De certo modo, em rigor, o termo “música electrónica” deveria ser empregue apenas no sentido em que certa categoria de instrumentos é utilizada para produzir sons que, por sua vez, podem ser componentes (mais ou menos proeminentes) de qualquer estilo musical, desde a música experimental ao jazz de vanguarda passando pelo rock.

O que nos conduz até ao ciclo Senses, a decorrer desde Janeiro de 2007 nos palcos do TAGV, é esta característica particular do público se encontrar perante um modo decompor e arranjar sons recorrendo a meios electrónicos. Não será pois de estranhar a “aparente” descontinuidade entre os projectos que compuseram o programa do ano transacto. Não será pois de estranhar a “aparente” descontinuidade entre os projectos que compuseram o programa do ano transacto.

Houve oportunidade para assistir aos FM3, na actuação que encerrou a primeira fase do Senses, a 21 de Junho de 2007, que propuseram um espectáculo performativo dividido em duas partes: uma em que as duas caras metade do projecto chinês jogavam mahjong sonoplasta com as suas Buddha Machines, e outra em que uma das caras repetia incessantemente um ri numa guitarra eléctrica enquanto a outra debitava mantras processados por pedais de efeitos que se estendiam até ao infinito ao mesmo tempo que manipulava uma variedade de instrumentos num crescendo avassalador. Antes, a 24 de Maio, o mexicano Murcof, sentado imóvel por detrás do seu computador portátil, surpreendia com uma mistura agradável de música ambiental e ritmos desconcertantes. Ambos são música electrónica: uma é analógica, com sons electronicamente modificados e a outra digital, com sons electronicamente produzidos através das instruções veiculadas num código binário. Mas os dois projectos encontram-se separados por um imenso abismo no que respeita às influências adoptadas e aos contributos para o corpus musical global. Outros grupos e projectos visitaram Coimbra e a sua relevância não é de menosprezar, mas estes dois exemplificam a pluralidade da linguagem electrónica, que transcende e relativiza todas as fronteiras de género ou de estilo.

É neste contexto conceptual que, uma vez por mês, os conimbricenses são presenteados com alguns dos projectos onde a música electrónica actual se vai cosendo e descosendo, construindo e desconstruindo. Independentemente da maior ou menor inspiração dos concertos, os nomes que nos visitaram apresentam credenciais que potenciam a curiosidade e deixam os já convertidos com a enorme vontade de entrar no teatro e assistir aos espectáculos. Afinal, antes desta iniciativa, era necessária uma deslocação de cem quilómetros até à capital do norte ou de duzentos quilómetros até à capital do sul para escutarmos algo similar. Agora, a capital do centro retoma o seu lugar no panorama nacional e internacional da música electrónica contemporânea com uma programação deveras atraente.

Depois do prólogo que foi a actuação de Tim Hecker, em Outubro do ano passado, a segunda parte deste ciclo augura um desafio interessante, a julgar pelos dois primeiros concertos de 2008: Mika Vainio e Rechenzentrum.

Falar do primeiro implica inevitavelmente aludir aos seminais Panasonic — que Vainio fundou em conjunto com Ilpo Väisänen, em Turku, Finlândia —, ícones de uma certa experimentação minimalista pós-industrial e inseridos na nobreza da digitalização musical juntamente com Pita, Yasunao Tone, Pole, Alva Noto, snd, Oval, Microstoria, Coil ou Ryoji Ikeda. Durante a actuação de Vainio em Coimbra, na noite de 24 de Janeiro, foi inevitável não confundir a parte com o todo: o seu trabalho a solo com aquele produzido no seio do duo supracitado. Foi uma hora de densas texturas ambientais que planaram entrecortadas pelo glitch e por uma paleta mais contemplativa do que o assalto sonoro que a companhia de Väisänen inspira. Mika Vainio transportou para a assistência do TAGV algumas das coordenadas atonais que convocam para a música electrónica actual o elogio do erro, da avaria, do ruído agudo da estática de maquinaria em convulsão, de súbitas falhas de engrenagens mecânicas.

A estética glitch reconduz o som eléctrico ao seu significado mais recôndito, retomando as imperfeições da suprema criação divina: o Homem. Estes sons, existindo por si só e aparentemente desprovidos de sentimento, estão afinal carregados de humanidade, “da fragilidade, mortalidade e imperfeição das empresas humanas” para parafrasear as palavras do jornalista Rob Young.

Um mês depois, foi a vez do duo germânico Rechenzentrum encetar um estimulante diálogo entre som e imagem. Se o território multimédia havia sido já apresentado ao público do Senses através, por exemplo, do corte e colagem kitsch de People Like Us, o espectáculo de Marc Weiser e Lillevän expôs com mestria intermitentes referências dub e techno a um sentido rítmico que abriu inclusive espaço a deambulações soul. A dupla evoluiu de coordenadas marcadamente experimentais para tons mais convencionais sempre com a coerência de quem estava literalmente imerso na vertigem visual que os trespassava, criando um microcosmo digital de camadas sobrepostas que confundem qualquer tentativa de catalogação. Durante a segunda década do século XX, o compositor e teosofista britânico Cyril Scott congeminava uma descrição da música do futuro que, com o seu anacronismo e valor profético, acaba por descrever de forma magistral o concerto aqui em análise: “o tempo virá quando (…) numa atmosfera de semi-escuridão, cores de todas as variedades serão projectadas numa tela, expressando e correspondendo ao conteúdo da música. Assim se realizará o sonho de Scriabin, da unidade da cor e do som; e, através da sua realização, as audiências do futuro vão experimentar os efeitos curativos e estimulantes desta ultra potente conjunção”.

Álvaro Mendes & Henrique Testa Vicente
Revista MACA, Nº1 – Março, Abril, Maio de 2008

28 julho 2008

Videomemória TAGV

[Arquivo-TAGV]


Cocorosie no TAGV. 26 de Maio de 2008. Registo de xiks.

18 julho 2008

Filmografia francesa no TAGV

[Notícia-TAGV]

CICLO VIVER JUNTOS

21 a 26 de Julho, 18h00 e 21h30

Organização: Alliance Française de Coimbra
Como encontrar o seu lugar na sociedade, com as suas diferenças, os seus desejos e contradições, talentos e fraquezas? Por vezes tristes, mas sempre sensíveis, os quatro filmes deste ciclo revelam com grande nitidez os sofrimentos, frustrações, ilusões e esperanças de uma juventude que sofre cada vez mais com a precariedade e a exclusão social.


Dias 21 e 25, 18h00

Samia de Philippe Faucon
[França, 2000, 1h09` filme legendado em português]
Sinopse: Samia têm 15 anos e vive nos arredores de Marselha. Sexta das oito filhas de uma família argelina tradicionalista. Samia sente-se sufocada sob o peso da moral repleta de crenças e tabus que ela respeita, mas não compartilha mais... Perseguida pelo seu fracasso escolar e obrigada a viver clandestinamente o seu primeiro amor, Samia descobre que terá de assumir sozinha as suas escolhas de vida.

Dias 21 e 25, 21h30
Quand tu descendras du ciel de Éric Guirado
[França, 2003, 1h35, filme legendado em português]
Sinopse: Desde que o pai morreu, Jérôme e a sua mãe esforçam-se bastante para manter a pequena fazenda da família. Na época do Natal, Jérôme decide mudar-se para a cidade à procura de emprego, onde fica por alguns meses e acaba por tornar-se amigo de La Chignole, um vagabundo desbocado.
Jérôme começa a trabalhar com Lucien na Câmara Municipal, enfeitando as árvores da cidade para o Natal. Mas, o trabalho começa a ficar complicado quando lhe é dada outra função: limpar a cidade dos mendigos e vagabundos para as festas de fim de ano. Jérôme continua a acatar as ordens de Lucien, até que um dia descobre que entre os vagabundos está La Chignole, o seu amigo.

Dias 22 e 26, 18h00
Wesh, Wesh, qu’est ce qui se passe? de Rabah Ameur-Zaimèche
[França, 2002, 1h23, M/ 12, filme legendado em português]
Sinopse: Após ter cumprido uma dupla sentença na prisão, Kamel volta para o seu bairro, Cité des Bosquets, e com a ajuda da sua família tenta reintegrar-se na sociedade e no mundo do trabalho. O filme mostra a revolta dos jovens com a ruptura da comunidade do bairro, vista através dos olhos do jovem Kamel, que se sente impotente perante tal situação.

Dias 22 e 26, 21h30
Voisins, Voisines de Malik Chibane
[França, 2005, 1h20, filme legendado em português]
Sinopse: Nos subúrbios de Paris, os moradores de um prédio recebem um novo porteiro chamado Paco, que chega juntamente com um novo morador, cantor de rap. O novo vizinho está sem inspiração para compor o seu novo rap e tem apenas três dias para terminar a sua nova obra, caso contrário, bem pode esquecer o contrato com a editora. Ideias? Letras? Melodia? O rapper desesperado canta, escreve, compõe, observa... Por que não tentar encontrar a fonte de inspiração no seu novo prédio? A partir de então, o condomínio transforma-se no cenário de uma fábula Hip-Hop e o rapper torna-se no génio do destino dos seus vizinhos.

17 julho 2008

16º Festival de Curtas de Vila do Conde no TAGV

[Notícia-TAGV]


Depois do encerramento do 16º Curtas Vila do Conde, o Festival prossegue com extensões a outros pontos do país, entre eles Coimbra onde, no TAGV, será possível assistir a uma selecção dos filmes premiados nas secções nacional e internacional.

Programa do 16º Curtas Vila do Conde no TAGV, dia 18 de Julho de 2008:
[OS FILMES ESTRANGEIROS NÃO SÃO LEGENDADOS EM PORTUGUÊS]


SESSÃO DAS 18H00

RGBXYZ, de David O’Reilly
[Irlanda, ANI, 2008,12´30’’]
Prémio Melhor Animação
Sinopse: RGBXYZ foi descoberto nos finais de 2007 quando um jardineiro acidentalmente encontrou um disco duro enterrado algures na Europa Central. O disco duro rapidamente foi ter às mãos do cineasta David O'Reilly, que distribuiu o conteúdo pela Internet. O que parecia um disparate incompreensível era afinal uma história sincera de perda e aventura na grande cidade. Cinco episódios espalhados pelos quatro cantos da Internet são eventualmente combinados para produzir a mais enigmática obra de animação que alguma vez foi feita num computador.

CORRENTE, de Rodrigo Areias
[
Portugal, FIC, 2008, 15´45’’]
Prémio Melhor Filme da Competição Nacional (Prémio Tobis e BPI) e Prémio do Público
Sinopse: Ele é mineiro, todos os dias se lava no rio para tentar tirar aquela vida da pele e deixar-se ir com a corrente do rio. Ela sonha também, mas está presa. Estão todos presos por uma corrente. São dominados pela força da montanha. É de lá que saem todos os dias e é para lá que regressam. À noite encontram-se no único sítio possível. Todos a desejam. Todos sobrevivem. Um dia a corrente parte-se.

THREE OF US, de Umseh Kulkarni
[Índia, FIC/DOC, 2007, 14´]
Prémio Melhor Documentário
Sinopse: Um olhar frio sobre um dia normal na vida de uma família que está longe de ser normal. A mãe cozinha, o pai distribui jornais e o filho lê o jornal com a ajuda de uma lupa que segura com os pés.

LES PARADIS PERDUS, de Hélier Cisterne
[França, FIC, 2008, 30’]
Prémio RTP2 Onda Curta
Sinopse: Uma noite em Maio de 1968, a estudante do secundário Isabelle chega a casa abalada. Os pais, preocupados, decidem levá-la para o campo tentando escapar aos distúrbios de Paris. No dia seguinte, Isabelle está desesperada para regressar a Paris. Apesar de ainda não o saber, ela está a caminho de um lugar completamente diferente.


SESSÃO DAS 21H30

ANNUAL REPORT, de Cristina Braga
[Portugal, ANI/EXP, 2007, 3’50’’]
Prémio Take One!
Sinopse: Annual Report é uma compilação de ideias, um arquivo de dados e informações pessoais e surge como uma soma de planos cada um dedicado a um assunto. Esta “life changing” pretende debruçar-se sobre as consequências da cultura digital a um nível de comportamentos, vocabulário, tempo e espaço. É o resultado de uma pequena obsessão, que contabiliza gastos e actos. Funciona assim como um diário técnico e exacto de e para a cultura digital.

PLASTER CASTS OF EVERYTHINGLIARS, de Patrick Daughters
[EUA, MVD, 2008, 03’58’’]
Prémio Melhor Vídeo Musical

Sinopse: Patrick Daughters realizou um vídeo sinistro e estranho para os Liars. Estradas vazias, estranhos escuros e vazios conduzem a uma perseguição criada a partir de um pesadelo.


CHAINSAW
, de Dennis Tupicoff
[Austrália, ANI, 2007, 24’]
Prémio RTP2 Onda Curta

Sinopse: Frank e Ava Gardner vivem no meio do campo, entre as kookaburras e o gado. Os seus empregos não são grande coisa, mas eles são verdadeiros românticos. Movendo-se entre a realidade a ficção, Hollywood e Espanha, passado e presente, Chainsaw encadeia histórias sobre o romance e a celebridade, o machismo e as serras eléctricas, a fantasia e a morte

THE ADVENTURE, de Mike Brune
[EUA, FIC, 2007, 22’]
Prémio Melhor Ficção
Sinopse: Um casal de reformados de classe media faz um passeio no parque para desfrutar de uma piquenique. A serenidade de uma refeição íntima na natureza é destruída pelo aparecimento de uma mimo consternado que foge de uma misteriosa ameaça. Enquanto o mimo explica o seu drama através de uma elaborada performance, o homem e a mulher aborrecem-se e ficam indiferentes, limitando-se a esperar pelo momento de pagar ao “artista de rua” e irem-se embora. Os seus esforços fracassam. Antes que consigam escapar, passam de espectadores inactivos a participantes contrariados num crime imaginário que expões mistérios perturbadores sobre performance, empenho e violência.

MURO, de Tião
[Brasil, FIC, 2008, 18’]
Grande Prémio “Cidade de Vila do Conde” e Melhor Filme da Competição Internacional
Sinopse: A alma no vácuo, o deserto em expansão.

15 julho 2008

Gengis Entre os Pigmeus [TAGV. 17 JUL, 21h30]

[Recorte-TAGV]

Gengis Entre os Pigmeus.
Foto de Pedro Polónio. 2008


GENGIS ENTRE OS PIGMEUS
De Gregory Motton
Enc. Pedro Marques
Int. Dinarte Branco, Teresa Sobral, Inês Nogueira, Pedro Marques e Teresa Tavares
Classificação: 3,5/5 [Culturgest, 5 de Julho 2008]


"Consumir o capitalismo
Segundo momento de uma trilogia dedicada ao consumismo (iniciada com Gato e Rato (Carneiros), de 1995, e concluída com Férias ao sol, de 2003), Gengis entre os Pigmeus (de 2002) é uma verrinosa alegoria para os tempos modernos. Aqui destilam-se, num humor corrosivo, muitas das marcas registadas dos últimos anos: os totalitarismos encobertos, o namoro entre a publicidade e a política, a crescente exploração da mão-de-obra barata, a manipulação das massas, a solidão virtual, enfim, aquilo que é o dia-a-dia da civilização ocidental (ainda que o principal referente seja aqui a Inglaterra).
O texto de Motton trata da (segunda) ascenção e queda de Gengis (Dinarte Branco), um pobre merceeiro londrino que reencarna Gengis Khan. Trata-se de um Ubu doméstico, um ditador chaplinesco que descobre no capitalismo a via do poder. Com efeito, a premissa para o desvario que se sucederá é desde logo enunciada nas réplicas iniciais: "Queres as boas notícias ou as más notícias primeiro?, pergunta a Titi. A boa notícia é que a pena capital foi abolida, a má é que o capitalismo acabou de ser prorrogado... para sempre.". E a partir daqui está aberto o trilho para satirizar o mundo que Motton conhecia em 2002 e para o que conhecemos hoje, estranhamente anunciado nesta distopia: ainda reconhecemos Blair, Bush, Bin Laden e companhia.
Curiosamente, Gengis surge com uma camisola de futebol, com as cores da selecção argentina, com a marca adidas e com o número 10 nas costas. É, portanto, a camisola de Maradona, um dos ícones mais polissémicos de sempre. Uma figura que também convoca a publicidade, o entusiasmo das massas, o excesso - no consumo de drogas, o contra-poder - na ligação a Cuba, e que até se tornou Deus da singular religião Maradonista. Assim, criando esta particular mitologia, o feérico imaginário de Motton é (brilhantemente) traduzido por Pedro Marques e Luís Louro (cenário e figurinos), convocando vários elementos do quotidiano (pelo palco há também dois frigoríficos, uma máquina de lavar roupa e um computador) mas sabendo-lhes revelar a dimensão simbólica que evocam (ocultam?). Resulta isto num espectáculo de grande densidade mas que sabe manter um tom de ligeireza e humor, o que só vem agudizar o tom de comédia de ameaça que o texto contém. Há contudo, algumas zonas mais desequilibradas na medida em que por vezes o espectáculo parece simplesmente não progredir (talvez isto se explique pela redundância de alguma cenas): faltaria, talvez, libertar o espectáculo do seu exigente ritmo de exposição-conclusão, para deixá-lo correr mais livremente, sobretudo a partir das cenas da guerra comercial com os EUA e à medida que a sequência narrativa se torna mais elíptica.
Teresa Sobral (Tio) e Inês Nogueira (Titi) são os comparsas-assessores que vão manipulando Gengis. As actrizes compõem, com rigor, estas duas figuras, reminiscentes de Didi e Gogo de Beckett ou de um Bucha e Estica. Pedro Marques e Teresa Tavares compõem as restantes figuras necessárias à epopeia de Gengis, com recortes seguros. De resto, Dinarte Branco é magistral. Sabe aliar um tom, por vezes, pueril, a um certo grau de descontrolo cómico e, quando se torna necessário, a um registo brutalmente poético. (E a maneira como este actor ataca as palavras ainda haverá de ser estudada: parte as palavras e parte-nos o coração.)"
Rui Pina Coelho, Público, 08.07.2008

Visita Guiada ao TAGV

[Arquivo-TAGV]





Visita guiada ao TAGV com alunos do Centro de Formação Profissional de Viseu.
TAGV, 9 de Julho de 2008. Fotos de Cláudia Morais.

11 julho 2008

Matemática perigosa

[Arquivo-TAGV]

O ENIGMA DE FERMAT, de Luis Piedrahita e Rodrigo Sopeña
[Espanha, 2007, 88’, M/16]
Melhor Argumento Secção Cinema Fantástico do Fantasporto 2008
Cinema no TAGV, TERÇA-FEIRA, 15 de Julho de 2008, 21h30

Quatro matemáticos, que não se conhecem, são convidados por um misterioso anfitrião denominado Fermat, para se encontrarem num lugar remoto, com o objectivo de decifrar um grande enigma. Uma vez ali, os quatro descobrirão que as suas vidas estão em risco, e que o enigma a desvendar será como sobreviver a uma engenhosa armadilha.

“Os pontos fortes do filme são o seu argumento e a montagem. O argumento tem a desvantagem de ser pouco credível (…) mas a ideia-base é muito boa e a matemática vai sendo subtilmente alheada para ser disparada de volta quando necessária.”
Nuno Reis, http://antestreia.blogspot.com

09 julho 2008

Em Coimbra os livros ardem mal

[Recorte-TAGV]


"A iniciativa coimbrã «Os livros ardem mal» dedicada ao debate e à divulgação literária é uma perolazinha de qualidade na vida cultural da cidade. Ontem, estive presente pela primeira vez e gostei muito do que ouvi. Sabia que havia muita qualidade escondida nesta cidade, até agora perdida em capelinhas casmurras e desvalorizada pelos peritos do consumismo rasca. Se formos capazes de cuidar bem deste tipo de iniciativas e multiplicá-las, Coimbra poderá ser finalmente uma cidade universitária normal, com uma actividade cultural semelhante às das mais importantes cidades universitárias da Europa. Estou a pensar em cidades como Lovaina, Salamanca, Bolonha, Friburgo, Heidelberg, Pádua, etc."
Rui Curado Silva. 08.07.2008. http://klepsydra.blogspot.com

Exposição sobre o Centro Cultural Município do Cartaxo

[Arquivo-TAGV]



O Centro Cultural Município do Cartaxo no TAGV.
TAGV, 08.07.2008 © Diogo Burnay

Exposição sobre o Centro Cultural Município do Cartaxo, inserida no Ciclo Teatro e Arquitectura, uma obra de Cristina Veríssimo e Diogo Burnay [CVDB Arquitectos], no Foyer do Café-Teatro do TAGV. Entre 8 e 26 de Julho de 2008.

07 julho 2008

Micro Audio Waves ao vivo [03 JUL 2008]

[Arquivo-TAGV]




Micro Audio Waves.
TAGV, 03.07.2008. Fotografias de Cláudia Morais.

04 julho 2008

Oriente misterioso

[Arquivo-TAGV]

UM HOMEM PERDIDO,
de Danielle Arbid
[FRA, 2007, Cores, 93’, M/12]
Cinema no TAGV, SEGUNDA-FEIRA, 7 de Julho de 2008, 21h30

Thomas Koré é um fotógrafo francês que percorre o mundo à procura de experiências extremas. Na Jordânia, o seu caminho cruza-se com o de Fouad Saleh, um estranho homem com uma enevoada memória, em fuga há anos sem saber exactamente de quê. Na tentativa de descobrir a sua história, Thomas continua viagem com ele, efectuando um percurso pelo Oriente, cheio de perigos e proibições, que os levará pela Síria, Jordânia e Líbano.

“Sem ceder a facilitismos de spot turístico, «Un Homme Perdu», consegue mergulhar-nos na atmosfera constantemente estranha de uma cidade desconhecida, cheia de fronteiras suspeitas, armadilhas e refúgios bizarros. Os vários sítios flutuam como partes autónomas, sem ligação entre si, dessincronizados, como os estados de consciência instáveis de Thomas, sempre entre bebedeiras e sonhos acordados”.
Didier Peron, Libération, 19.09.2007

02 julho 2008

"Os Livros Ardem Mal" com Gonçalo M. Tavares [7 Julho 2008]

[Notícia-TAGV]

Cartaz de divulgação do mensário de actualidade editorial
"Os Livros Ardem Mal", que conta com o convidado Gonçalo M. Tavares.
Dia 7 de Julho de 2008, 18h, Foyer do Café-Teatro.
Composição gráfica de Gonçalo Luciano.

01 julho 2008

Uma antevisão da Europa contemporânea em “Metrópolis”?

[Notícia-TAGV]

“Metrópolis” de Fritz Lang , [Alemanha, 1927, 116’].
Uma antevisão da Europa Actual?”. Filme comentado no final por Manuel Portela, José António Bandeirinha e Jean Michel Meurisse.
Organização: TAGV e FEUC. Dia 2 de Julho de 2008, 21h30m.

Imagens de "Metrópolis" de Fritz Lang, acompanhadas por uma das
muitas bandas sonoras que é possível encontrar no You Tube.

Mítico filme mudo alemão, realizado em 1927 por Fritz Lang, “Metrópolis” é considerado o primeiro verdadeiro filme de ficção científica da História. Foi interpretado por Alfred Abel, Gustav Fröhlich, Brigitte Helm e Rudolf Klein-Rogge. O argumento foi escrito por Fritz Lang e sua mulher Thea von Harbou, adaptando um livro desta. Foi um dos filmes mais caros da sua época e quase levou à falência os estúdios alemães da UFA, uma vez que foi um fracasso na altura da estreia, originando uma nova montagem para nova difusão.


A história desenrola-se no longínquo ano de 2026 na cidade de Metropolis - fria, sobrepovoada e fortemente industrializadas – em que existem duas classes de pessoas: uma elite privilegiada e o povo desfavorecido. Grande parte da classe pobre vive no subsolo, para manobrar as máquinas que permitem o funcionamento da cidade onde os ricos se divertem nos seus arranha-céus. Um dia, Freder (Gustav Fröhlich), do grupo de privilegiados, conhece Maria (Brigitte Helm), uma adorável trabalhadora do subterrâneo, e fica admirado com as suas condições de vida. Denuncia o facto ao seu pai, Joh Fredersen (Alfred Abel), o chefe da cidade , o que dá origem a uma campanha de reformas. No entanto, o maléfico cientista Rottwang (Rudolf Klein-Rogge) não quer permitir a mudança e conspira para colocar os escravos contra os reformadores. Assim, cria um robot (também interpretado por Brigitte Helm) à imagem de Maria, com o qual pensava poder manipular os trabalhadores. Os trabalhadores acabam por destruir as máquinas, o que origina uma catástrofe na cidade. Com isso, Fredersen acaba por ser chamado à razão, concordando em tratar os trabalhadores com mais dignidade.

A versão original do filme desapareceu e, ao longo do séc. XX, foram sendo feitas diversas reconstituições que se distinguem em muitos aspectos. As quatro mais importantes são: 1) a primeira, do final dos anos 60, feita na Alemanha de Leste; 2) depois, talvez a mais famosa e comercialmente bem sucedida, em 1984, levada a cabo pelo músico Giorgio Moroder, em que é atribuída cor a algumas cenas e incluidos efeitos sonoros e uma banda sonora moderna; em 1995, o “Filmmuseum Munich” fez uma restauração de acordo com o guião original com as cenas perdidas substituídas por imagens fixas ou descrições escritas; finalmente, por ocasião do 75.º aniversário do filme, em 2002, diversas entidades (arquivos, fundações e cinematecas) realizaram a mais completa restauração, utilizando os processos mais modernos. Referir ainda a banda sonora original que Jeff Mills, um dos mais significativos produtores ligados à música tecno, editou em 2000.

Com uma pujança visual notável em que se destacam os fabulosos cenários, “Metrópolis” inaugurou o género da ficção-científica no cinema influenciando injúmeros filmes ao longo do tempo, entre os quais “Alphaville”, de Jean-Luc Godard, ou “Blade Runner”, de Ridley Scott.

Fonte: http://www.edusurfa.pt [adaptado]

Julho 2008

[Arquivo-TAGV]

Agenda Mensal TAGV, nova série.
Design de Joana Monteiro.