[Notícia-TAGV]VIIIª Edição 'Jazz Ao Centro – Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra'
Sábado, 5 de Junho de 2010, 22h00 Tim Berne / Bruno Chevillon (EUA/França) Tim Berne saxofone alto
Bruno Chevillon contrabaixo
Organização CMC e Jazz Ao Centro Clube
Preçário Normal_ 7,00€ Estudante e Clientes da CGD_ 5,00€Tim Berne
Se bem que por via de uma linguagem comum – a do jazz, considerado na globalidade das suas manifestações –, com a colaboração de Tim Berne e Bruno Chevillon são duas perspectivas bem distintas desta música que se cruzam. Um ex-jogador de basquetebol, o saxofonista americano traz consigo a sua velha paixão pela soul e pelo rhythm 'n' blues das editoras Motown e Stax, a admiração que nutre pela música de Julius Hemphill, talvez o mais sofisticado dos protagonistas históricos do free jazz e seu mestre, e um entendimento da tradição que nunca se coibiu de aproveitar, nos grupos Bloodcount, Big Satan, Science Friction e Paraphrase, elementos "estranhos" como a energia do rock. Com formação em artes plásticas (fotografia), o contrabaixista francês fez estudos clássicos e incluiu na sua actividade performativa a música erudita contemporânea e a livre-improvisação.
Se André Jaume o introduziu nas formas do jazz, Louis Sclavis tem sido o seu mais habitual companheiro de lides em projectos que alargaram a fronteira deste género musical e lhe deram uma identidade europeia. Em anos mais recentes, abriu-se também à experimentação electroacústica, com parceiros que desafiam catalogações como Franck Vigroux, Elliott Sharp e Joey Baron. Chevillon começou a integrar as bandas de Berne por indicação do guitarrista deste, Marc Ducret, seu ocasional colaborador, mas nunca como neste duo esteve tão em causa o equacionamento de duas visões cujas diferenças foram proporcionadas pela distância que as águas do Atlântico impõem.
Bruno Chevillon Porque o expressionismo das execuções de um convive bem com o enfoque estrutural do outro e a fidelidade às coordenadas básicas do jazz não contradiz o espírito aventureiro que tantos novos caminhos tem desbravado para este idioma musical, Tim Berne e Bruno Chevillon colocam-se assumidamente numa posição de desafio, não para confrontarem os seus respectivos argumentos, em monólogos paralelos, mas com a finalidade de interagirem num jogo de propostas e reacções, de troca de ideias, de diálogo efectivo.
Não nos surpreendamos, pois, se Berne adoptar uma intervenção "de câmara" e se Chevillon nos soar "bluesy": a improvisação, mesmo quando existem pautas, tem esta capacidade transformativa. Não é só a música que muda, mas também quem a toca. Isso se os músicos envolvidos tiverem uma atitude de abertura, e a verdade é que estes em concreto não buscam outra coisa senão isso a que a biologia dá o nome de osmose. Mais do que testemunhas, nós seremos os cúmplices.